Isolada por um tempo, a espera da melhor companhia de todas

Assim como milhares de mães, Carolini Roque Girardelli Dias Gonzaga, de 31 anos, viveu uma “montanha-russa” de sensações ao saber que estava grávida em março, dias antes do isolamento social para conter a COVID-19. “Engravidei logo no pior ano das últimas décadas para a humanidade”, conta.


Ansiedade e insegurança se misturaram à mudança de hábitos imposta pelo afastamento social. Mesmo com incertezas, gestantes devem encarar o período com o pensamento de Carolini, passada a euforia da descoberta: “É preciso viver uma etapa de cada vez”, diz ela, na 13ª semana de gravidez e à espera de Alice.

Afastamento do trabalho


A Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp) orienta, conforme diretrizes do Ministério da Saúde, que gestantes evitem contato com outras pessoas, seja no trabalho ou no lazer.
Foi o que fez Carolini. “Médico recomendou e me afastei do trabalho. Trouxe minhas coisas do escritório para casa. Tinha um sentimento de culpa no início, estava saudável e não podia estar no trabalho”, conta ela, que atua na área administrativa de uma empresa de autopeças. Por precaução, o marido a acompanhou no isolamento pelo mês seguinte inteiro. Hoje, ela segue em home office, perfeitamente adaptada.
Até o momento, não há, segundo a Sogesp, evidências de que a COVID-19 tenha maior gravidade na gravidez, mas, se a gestante tem doenças crônicas, médicos podem recomendar a transferência de função ou trabalho remoto. Caso as opções não sejam viáveis, a gestante pode ser afastada em razão do risco de contágio, que pode afetar a saúde da paciente e do bebê.

Pré-natal


Consultas de pré-natal devem ser mantidas, segundo a Sogesp, em quantidade suficiente para garantir o cuidado a cada gestante. Carolini mantém a rotina do pré-natal, mas com adaptações.
Profissionais podem criar procedimentos para que a gestante faça tudo em apenas um local, evitando, portanto, deslocamentos. Cada gestante deve conversar com seu médico para organizar o calendário e local de consultas pré-natal durante a pandemia.
Nos consultórios, a Sogesp orienta a gestante para que mantenha distância de outras pessoas na sala de espera; utilize máscara caso tenha sintomas respiratórios ou peça uma à secretária assim que chegar; adote etiqueta respiratória (cobrir a boca e nariz com um lenço de papel quando tossir ou espirrar e descarte o lenço usado no lixo ou utilize o antebraço para cobrir boca e nariz e não em suas mãos); higienize as mãos com frequência e evitar tocar nos olhos, nariz e boca sem ter higienizado as mãos.
Caso seja preciso se deslocar para outros laboratórios, a grávida deve verificar se há condições especiais para atendimento, com agendamento de horário.

Visitas


Como o isolamento social é uma das medidas mais eficientes contra a COVID-19, as tradicionais visitas à gestante devem ser inovadas, como fez Carolini.
“Tenho contato apenas com pais e sogros. Minha família gosta de estar junto, mas agora não é possível. O jeito é grupo de WhatsApp e o Zoom [aplicativo de videoconferência], como fizemos no aniversário de minha avó, com um bolo virtual”, conta.
Enxoval
Outro hábito da gestante é a preparação de seu enxoval. Com a pandemia e a maior parte do comércio fechada, Carolini vai se adaptar à nova condição. “Uma parte vou ganhar e o restante será pela internet mesmo. Estou bem resolvido quanto a isso”, relata. Muitas lojas estão atendendo por delivery, outras estão agendando horário para que as mães possam visitar.

Recomendações gerais


– Gestantes devem continuar a receber vacinas que forem recomendadas, segundo a Sogesp, especialmente para Influenza (H1N1).


– Para o parto, caso a gestante tenha plano de saúde, deve analisar previamente as condições. Caso utilize o SUS, dependendo da cidade e região que reside, a grávida pode escolher em qual maternidade deseja ter seu parto. De acordo com a Lei 11.634/2007, a gestante tem direito de conhecer, antecipadamente, a maternidade ou o hospital onde terá o parto.


– A alimentação da gestante em tempos de pandemia não muda e os cuidados devem seguir as recomendações médicas. Quanto à ansiedade do parto, vale o conselho de Carolini. “Vou viver uma etapa de cada vez, cuidar de mim, do bebê e da minha família e seguir as orientações. Hoje estou bem tranquila e redobramos a higiene em casa. Pensarei no parto quando chegar o momento”, relata.


– Ricardo Cobucci, ginecologista e obstetra da Rede Ebserh, deu algumas dicas, em entrevista ao Portal do MEC, para o momento do parto. “A recomendação para as mães que já tiveram seus filhos por parto normal ou cesariana é que fiquem em um quarto isolado, sendo acompanhada apenas por uma pessoa da família. Não é recomendada a troca de acompanhante, que também precisa ter todos os cuidados de higiene como a lavagem de mãos e o uso de máscara”.


– Com relação à alta hospitalar, prossegue ele, “se correr tudo bem, a paciente poderá receber alta após 24 horas de parto normal e 36 horas após cesárea. Não é proibido amamentar o bebê, mas é importante ter cuidados com a higienização, como lavar as mãos com água e sabão, antes e após a amamentação e a ordenha do leite, usar máscara durante as mamadas, lavar as mamas antes de amamentar e ordenhar o leite e higienizar com água e sabão o material utilizado na ordenha”.


– Em casa, diz Cobucci, a recomendação é manter o berço a uma distância aproximada de 2 metros da cama da mãe, higienizar as roupas do bebê, evitar o contato íntimo de pessoas com o recém-nascido e, caso o bebê apresente algum sintoma de gripe, procurar imediatamente o médico. Os pais devem, sempre antes de tocar o bebê, lavar as mãos e colocar máscaras para evitar a contaminação dos filhos.

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